Blog do Natinha (Jônatas Liasch)

13 janeiro, 2007

A Ditadura da Beleza

(...)Ao ver um rosto - ou um corpo - perfeito nas páginas das revistas e na televisão, a maioria das mulheres crêem estar diante de uma realidade inacessível, de um privilégio para poucas. No auge da carreira, em meados dos anos 90, a top model Cindy Crawford tentou acabar com esse mito ao declarar que seu visual era resultado de duas horas sendo maquiada e penteada. "Nem eu acordo parecida com a Cindy Crawford", confessou. O tiro saiu pela culatra. Sua afirmação promoveu uma correria às academias de ginásticas e salões de beleza.

A paranóia da estética está institucionalizada. Menos de 5% das mulheres no Brasil se sentem belas. O Brasil é o segundo país do mundo em número de cirurgias plásticas, perdendo somente para os EUA. A indústria de cosméticos é poderosíssima: só a L’Oreal, a maior do mundo lucrou 1,97 bilhões de euros no ano passado. A verdadeira paranóia da beleza se instalou de tal forma que não conseguimos mais dissociar o bom do belo e o mau do feio. Ou seja, tudo pode ser bom conquanto seja belo.

Com folga de certeza, é a mídia, especialmente a televisiva, a maior responsável pela introdução de um sentimento de insatisfação instalado em nossa sociedade. Nunca se consumiu tanto em toda a história da humanidade. Ao mesmo tempo jamais se viu um grau de insatisfação como o que vemos hoje. A indústria do entretenimento, lazer e cultura são as que mais crescem. Assim, era para termos uma geração satisfeita, alegre e com a melhor auto-estima possível. Mas nunca vimos tanta gente descontente com sua aparência, suas posses e com sua própria vida.

(...) O que se vê é uma ditadura da beleza que diz que a mulher deve ter o padrão das modelos, atrizes e atletas. O que se assimila é que os valores para a mulher se sentir aceita e satisfeita na sociedade começam necessariamente pelo item beleza. Está é a moeda de ouro da sociedade. O que realmente importa no fim das contas é quantos produtos associados à estética vão ser vendidos: cosméticos, exercícios nas academias, cirurgias plásticas, roupas e bolsas de grife, etc.

Não sou contra qualquer tentativa da mulher desenvolver sua auto-estima. Sei que exercícios regulares, boa alimentação e até mesmo, produtos cosméticos e cirurgia podem auxiliar na modelação de uma boa auto-estima. Mas creio que se esqueceram de algumas coisas. Esqueceram de dizer às mulheres que elas podem ser belas independente do que afirmam sobre seu corpo ou rosto. Esqueceram de falar que a beleza está nos olhos de quem a vê. Esqueceram de afirmar que a mulher é mais do que seu próprio corpo. Bom, então lá vai. (...)

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